Vontade de ir...

Há alguns anos uma sensação me visita: a de que aqui - São Paulo, cidade na qual nasci e cresci - não é mais o meu lugar. E basta uma viagem, uma visita a lugares mais verdes, um sentir a brisa do mar, um tocar a areia da praia com os pés que esta vontade de ir me visita.
Uma música, que não ouço há anos, durante a adolescência e início da idade adulta foi minha companheira: Flor de Ir Embora. Voltei a sentir vontade de ouvi-la. Melhor, de vivê-la.
Naquela época, eu pensava que minha felicidade significava viver sozinha, sair da casa dos meus país. Cresci, amadureci um pouco, o suficiente para aprender que a felicidade habita em mim e que sou eu quem a carrega para os lugares. Ir em busca é uma ilusão da qual já me desfiz.
No entanto, a ideia de levar minha felicidade para outros lugares - de preferência com vista para o mar e um bocado de verde por perto -, é algo que faz todo sentido para minha alma.
São Paulo me faz sozinha. Verdade que é um pouco parte da minha natureza estar só. Mas, a cidade provoca distâncias mesmo quando eu não as quero. E em troca, não ganho nada, nem a companhia do mar, nem a dos pés na areia, nem a do cantar dos pássaros...
Talvez este não seja mais o meu chão. Talvez seja a hora de ouvir e acatar o desejo de ir. Talvez, eu deva espalhar esta felicidade por outros cantos. Deixar a tristeza, quando me visita, apreciar outras paisagens. Talvez, deva levar meu silêncio para tocar outras paragens.

Talvez...
Nada é muito certo...
só a vontade de ir.
Foto: Gleide Morais

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