Memórias natalinas
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Foto e traquinagem: Gleide Morais |
Ah! O Natal! Esta data que amo, pela aura de amorosidade que
traz. Acabei me permitindo uma viagem no
tempo e lembrando-me dos natais da infância. E como nenhuma viagem é vã, esta
tem seu aprendizado.
Os natais da minha infância eram ruidosos. Ruidosos não. Barulhentos.
Não. Sendo justa, eram regados a muita música, mas não do estilo musical que eu
esperava para a festa natalina. Forró e Partido Alto rolavam a noite toda. E a
ceia não era nada do que eu, na época, considerava natalina.
A menininha que eu fui, metida a diferente que era, queria músicas
natalinas ao fundo, ceia com peru - com o termômetro que subia quando estava
pronto, lembram? - e champanhe para brindar. Imaginem a mocinha que gostava de
Chopin, ouvindo Bezerra da Silva no Natal (até hoje me pergunto se não sou
adotada, dada a quantidade de ‘frescurice’ que corre em minhas veias! rs...)?!
Mas, apesar desta minha reclamação, o Natal era gostoso. Era parco e
humilde em presentes (se estes houvesse); não tínhamos esse tipo de ‘frescura’.
Porém, era alegre e divertido! Apesar da minha frustração. Olho para trás e sei
disso. E detalhe: virei fã de carteirinha de Bezerra da Silva!
Por conta desse meu desejo represado de um Natal ideal, eu sonhava
que, ao crescer, casaria e teria uma família ENORME. Enorme mesmo! Seis filhos:
três meninas e três meninos. Queria chegar perto da família Canoletti, aquela
da menina do comercial da Melissinha e que fez a Fada Dalila no Rá-tim-bum. Tudo
bem, tem que ser meu contemporâneo para lembrar! rs... A Jéssica (Fada Dalila) era
uma das oito irmãs Canoletti. Oito. O pai Canoletti queria muito ter um filho e
foi tentando, tentando, tentando... ao chegar na oitava filha,
desistiu!
Entonces, eu sonhava em ter meus seis filhos (Aloma, Alanis e
Atisse... não escolhi o nome dos meninos; deixaria isso para o feliz papai) e
fazer um Natal daqueles de sonhos! Piano e alguém (quem?!) tocando músicas
natalinas, casa e mesas decoradas, árvore de Natal gigante, muitos presentes
embaixo dela e A ceia.
Contudo, não casei e nem tive meus seis filhos. Pela contagem do
relógio biológico, ficarei bem feliz se puder conhecer a Aloma nesta vida. E
meu sonho de Natal idealizado não aconteceu. Já adulta, eu fiz em casa uma ceia
de Natal parecida com a que eu sonhava (sem piano ). E ela foi bem morna! rs...
Mas, eu precisava viver aquilo!
Há alguns anos, minha mãe passou a frequentar uma religião que não
comemora o Natal. E passamos todos a não comemorar mais. Durante vários anos, passei
natais em casa de amigos. Era gostoso, mas por mais que eu fosse – BEM – acolhida,
não era minha família. Com o passar do tempo, deixei de aceitar estes convites
e permanecia em casa. Sem comemorações. Porque, mesmo sem a festa, Natal, para
mim, é um evento familiar. Então, me contentava em ficar em casa, vendo a Missa
do Galo ou quietinha. Mas, em família.
A mudança acima fez com que eu valorizasse e reconhecesse a
importância dos natais de quando eu era criança. Sinto saudades até do
aborrecimento que eu tinha, porque queria dormir e a festa estava no auge!
rs...
Há poucos anos, a família da minha cunhada passou a celebrar o Natal. Uma
família de amigos dos meus pais, que nos conhece desde criança, juntou-se a nós.
Daí que passamos a fazer o nosso Natal. Um ano na casa da Cal, que me
conhece desde semente, outro na casa dos pais da minha cunhada. Mesmo sem a
presença dos meus pais, respeitados em suas crenças, é um encontro familiar. E é gostoso.
Não tem ceia tradicional, não tem piano, nem músicas natalinas. Há
sim, muito amor, acolhimento e espírito natalino. E é o meu ideal de Natal.
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