A história continua...

Para ela, mudar-se não era um grande sacrifício. Não tinha namorado, nem seu coração estava preso a algum homem. Os amigos, via esporadicamente. Com a família, não tinha uma relação de apego. Seus finais de semana eram quase sempre em companhia dela mesma, de livros e revistas, da TV, filmes e do computador. Essas companhias poderiam ir com ela para onde fosse.

A solidão que a habitava não parecia ter sentido. Não mais vinha vê-la em períodos espaçados, como durante a TPM, mas lhe fazia companhia todos os dias. Num jantar com amigos, no bar, rodeada por colegas, na faculdade, com a sala repleta de alunos, em casa, junto com seus familiares.

Havia tentando falar sobre isso. Não tivera êxito. Ou porque as pessoas estavam lá ocupadas, tentando viver suas vidas – nada mais justo -, cuidando de seus próprios problemas, ou porque não tinha habilidade para isso. Era estranho, porque parecia que não cabia a ela sentir-se sozinha ou triste. Soava como frescura, lamento sem fundamento, reclamação de boca cheia...

O que a completaria? O que poderia tirá-la da companhia da solidão? Viajar era algo que a encantava, mas, por ora, não podia. Dedicar-se a que, então, enquanto não podia viajar e enquanto ele não chegava?

Escrevia. Meditava. Pelo menos hoje, tinha maturidade para ver o que estava errado e como poderia melhorar. Embora, ainda se perdesse, às vezes. Desde o instante em que passou a se valorizar e a se enxergar, sua responsabilidade com a própria felicidade havia aumentado.

Mas, essa carência, essa falta de afeto atrapalhava sua vida. Ainda não sabia como era ser a amada da história. Sempre fora amante. Como seria ser amada por alguém? Para essa pergunta, ela sabia, não tinha resposta...

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