Fragmento: Considerações Finais

Após muita reflexão, fica difícil contextualizar o que ficou de três anos de curso. Verdade é que, visto de fora, o curso de Letras parece, para os que gostam, um ótimo caminho para se vivenciar a literatura, a escrita. Porém, na verdade, é tempo de arregaçar as mangas, isso sim!


Viver e entender o universo que forma futuros professores é enriquecedor. Não imaginamos o que há do outro lado, do nosso educador, quando o vemos exercer sua profissão em sala de aula. Vemos o professor, sem ver o estudante que ele é e sempre será.


Ser professor é ser sempre um aprendiz. A realidade se modifica a todo instante e verdades absolutas deixam de sê-las em questões de segundos. Reciclar-se é primordial na vida do educador. Amar o que se faz também.


Em sala de aula poucos, pouquíssimos, são os que estão interessados em aprender, em construir conhecimento, agregar valores para tornarem-se adultos bem sucedidos. Culpa deles? De forma alguma. Vêem-se em salas de aulas, decorando fórmulas, regras, nomenclaturas sem sentido. Alguém poderia olhar para a vida deles e falar de coisas realmente importantes?


Observe como um estudante – pode ser o mais indisciplinado – se comporta quando o professor pára para ouvi-lo. Ele é outra pessoa. Aliás, lembrando de Clarice Lispector, “ele é gente”. Talvez, o grande problema da educação seja não ver esses alunos como pessoas, cidadãos, base formadora de quem guiará o país, porque dificilmente serão os adultos de hoje que conseguirão fazer algo relativamente concreto para mudar nossa nação.


É preciso dar voz ao estudante. Nos Parâmetros Curriculares Para o Ensino Médio, na parte dedicada a Língua Portuguesa, há um fragmento que caracteriza, de forma crítica, como se dá o ensino da disciplina: “... aula de expressão em que os alunos não podem se expressar...”. E essa realidade pode-se ser estendida à escola e não só ao ensino da língua materna.


Ser professor. As pessoas não têm idéia do peso da responsabilidade que é exercer esse papel. Aliás, mesmo futuros professores não têm idéia de sua importância na vida de estudantes que deverão guiar. Porque nem enxergam a importância dos que já os guiaram e dos que estão guiando.


O ideal é que se faça uma cobrança maior na qualidade da formação de professores. Não porque as faculdades que ofereçam essa formação sejam desinteressadas. São os discentes – pelo menos sua maioria - que procuram o curso que o são.


A reflexão final fica por conta disso. Ela poderia ser mais festiva, celebrando o final de uma etapa. Que foi árdua. Entretanto, ela é também triste, pela constatação de que a batalha pela melhora da educação não será mais fácil, porque muitos soldados que estarão se juntando aos que já existem, não estão comprometidos com a luta.

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